segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

TEXTO SOBRE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO ESCOLAR

TEXTO SOBRE AVALIAÇÃO

ELINARA PASSOS JORDÃO

 “A avaliação do desempenho escolar” trata-se de um processo no qual se deve acompanhar o desempenho dos sujeitos da aprendizagem, levando o professor a compreender o ponto de vista do aluno e levá-lo em conta no momento de tomar decisões. Assim, define Célia Cazaux Haidt (2001), avaliar é interpretar dados quantitativos e qualitativos para obter um parecer ou julgamento de valor, tendo por base padrões ou critérios.
A avaliação é de suma importância e faz parte do processo de ensino e aprendizagem, pois o professor necessita estar avaliando constantemente para propiciar a aprendizagem. Entretanto, essa avaliação deve ser feita de forma consciente, não sendo usada mais como instrumento de seleção e exclusão, mas de diagnóstico e inclusão.
A saber, a avaliação é parte integrante do processo ensino-aprendizagem na medida em que verifica se as metas foram alcançadas e de que forma. É necessária  uma reflexão acerca do significado da avaliação: para que serve? Por que avaliar? Além disso, o que se observa, ainda hoje nas escolas de Ensino Fundamental e Médio é um tipo de avaliação tradicional, autoritário, com o propósito de apenas constatar, medir, testar e não interferir para mudar. Essa é uma prática reflexo de um modelo teórico e ultrapassado da maioria dos professores que responsabilizam os alunos pelo seu sucesso ou insucesso.
Da mesma forma, percebe-se que na sua maioria a avaliação está a serviço da exclusão, desigualdade e humilhação, isso contribui muito de forma negativa para que o discente muitas vezes abandone a escola, ou seja, é uma das causas do fracasso escolar. Sobre isto afirma Lima: “[...] o fracasso escolar, a evasão, e a repetência estão relacionados com a utilização dos modelos inadequados, parciais e fragmentados da avaliação” (1994, p.77).
É relevante discutir e entender, até que ponto a avaliação da aprendizagem praticada na escola tem servido como mecanismo de fragmentação e desânimo no processo ensino-aprendizagem dos alunos e professores? De que outras maneiras a avaliação pode ajudar no processo de aprendizagem? Como a escola poderá ajudar à família a entender o novo conceito de avaliação?
Para Cunha Apud Rego neste paradigma:
A aprendizagem [...] vem através da repetição de exercícios sistemáticos de fixação, cópia e estimulada por reforços positivos, elogios, recompensas ou negativos, notas baixas, castigos. [...] A avaliação da aprendizagem se dá através de periódicas avaliações (2004, p.08).
Entretanto, é importante o docente saber aonde quer chegar verificando o que ocasiona aversão aos alunos e conseqüentemente o fracasso escolar, logo Garcia preceitua que:
A avaliação só tem sentido se tiver como ponto de chegada o processo pedagógico para que identificadas as causas do sucesso ou fracasso, sejam estabelecidas estratégias de enfrentamento da situação; não deve servir, como em geral se faz, para penalizar a vítima (1997, p.77).
É preciso mostrar a importância da avaliação como parte integrante do processo de aprendizagem, vincula-se diretamente aos objetivos propostos, porque são estes que determinam as estratégias mais adequadas para facilitar a aprendizagem, mas também os procedimentos e instrumentos para avaliar, esta proporciona o acompanhamento do processo, da construção do conhecimento do aluno, o replanejamento de estratégias se não foram adequadas para atingir os propósitos e se as metas foram alcançadas.
São  poucos os professores que compreendem o real significado da avaliação e que inovam na sua maneira de avaliar seus alunos, ou melhor, de não só avaliá-lo nos aspectos cognitivos, mas em sua plenitude, de forma integral. Uma vez que os alunos aprendem diferentemente porque tem histórias de vida diferentes, assim avaliar é buscar informações sobre o aluno, é conhecer o sujeito e seu jeito de aprender para reconstruir sua prática.
Também é relevante esta temática, por ser necessário, se não solucionar, mas minimizar dramas de situações vivenciadas pelos alunos sensibilizando os professores para que possam se auto-avaliar e rever seus instrumentos de avaliação, visto que, o ato de atribuir valores e reprovar freqüentemente o aluno podem contribuir para o seu fracasso no processo de desenvolvimento.
Da mesma maneira, por hoje predominar formas de avaliação que excluem devido à cultura de mensuração que classifica e seleciona os melhores não apenas nos Ensino Fundamental e Médio, mas no Ensino Superior. Enfim, sendo uma visão primitiva e coercitiva.
Em virtude disso, é indispensável que a escola estabeleça objetivos e critérios em seu planejamento e em seu projeto político-pedagógico, bem como ter clareza a respeito do que se pretende avaliar, para poder realizar o que deseja e saber qual metodologia adotar e quais recursos utilizar. Segundo Paulo Freire, ensinamos se a aprendizagem tiver acontecido se não aconteceu aprendizagem, não ocorreu ensino.
Até mesmo os pais pedem notas, porque estão condicionados à forma tradicional de avaliar, a avaliação classificatória; visto que também vivenciaram tal situação e acreditam ser esta a única forma de avaliar, os mesmos chegam a exigir em reuniões bimestrais que sejam entregues as provas em folhas de papel, com capas especificando as notas.
Por isso, é necessário exterminar, ou melhor, tornar a visão negativa que pais, alunos, professores, enfim toda a comunidade escolar tem da avaliação devido suas experiências, já que a avaliação era e ainda é enfatiza Philippe Perrenoud “uma espécie de chantagem, de uma relação de força mais ou menos explícita, que coloca professores e alunos, em campos diferentes [...]” (1999, p.70), onde pais e professores utilizam as notas, para obter o máximo de seus filhos e alunos um maior interesse no trabalho escolar.
Dentre as problemáticas existentes no cotidiano escolar, a avaliação constitui hoje, uma das questões que acabam inquietando os profissionais da área da educação e também os discentes que a temem, por causar situações de ansiedade através de provas ou testes, que se limitam a classificar o aluno de acordo com o nível de aproveitamento nas diferentes disciplinas, a fim de selecionar. Segundo Vasconcelos “o grande entrave da avaliação é seu uso como instrumento de controle, de inculcação ideológica e de desenvolvimento social” (1998, p.25).
A avaliação envolve um conjunto de fatores que acabam prejudicando e causando danos a vida dos alunos, principalmente se na maioria das vezes é utilizada apenas para testar, ou seja, para verificar o desempenho através de situações previamente organizadas chamadas testes, ou para medir os conhecimentos dos alunos, mensurar, descrever do ponto de vista quantitativo. Se o educador adota essa maneira de avaliar, então de acordo com Vasconcelos (2001) a avaliação é uma praga que contamina toda a relação pedagógica, pois o aluno fica condicionado em função da nota.
Observa-se que há um conceito deturpado acerca da palavra avaliação, que os profissionais da educação não conseguem compreender e distinguir esta dos termos medir, testar, esta concepção de avaliação bem como a própria idéia de utilização da escola com o propósito de selecionar está completamente ultrapassada.
A concepção acima citada de avaliação nos faz remontar ao processo de surgimento da avaliação, que perpassa ao longo dos últimos séculos. O termo avaliação está assim empregado: “a avaliação dos resultados em exercícios e exames será obtida por meio de notas, que se graduará de zero a dez” (CUNHA, 2004, p.10); vê-se, pois, que era utilizado o termo avaliação, mas, na realidade, tratava-se de um sistema de provas exames, herdado do período jesuítico. Também, a esse respeito diz Cunha:
A avaliação que ainda hoje se faz presente nas instituições escolares não foi inventada pelos professores, nem tampouco pela escola. Pelo contrário, o seu processo de consolidação tem princípios ideológicos capitalista. O sistema capitalista utilizou a escola tanto como elemento disciplinador para o trabalho quanto para a inclusão ideológica, no sentido de que as pessoas se conformassem com o seu lugar na sociedade. (2004, p.38).
Vê-se com isso que a avaliação se torna instrumento ideológico para convencer as pessoas, que elas não mereciam um lugar melhor na sociedade, por não terem condições, “o discurso então era de uma proposta de ensino laico e universal era uma mentira” (CUNHA, 2004, p.38).
Estudos realizados mostram que a avaliação do processo ensino-aprendizagem não trata de avaliar como estão indo os alunos, mas de classificar e puni-lo, ou seja, ela não é usada como recurso metodológico de reorientação do processo ensino-aprendizagem. Sua função como diz Luckesi (1985), é de qualificar o educando e não classificá-lo.
Vejamos o que pensa Depresbíteris, ao se referir à avaliação: “A ênfase à atribuição de nota (medida) na avaliação tem provocado alguns desvios significativos, dentre os quais os de lhe dar um caráter meramente comercial, contabilístico, desconsiderando seu aspecto educacional de orientação do aluno” (1990, p.192).
Entretanto, o objetivo maior da avaliação é intervir para melhorar a qualidade do aprendizado e contribuir para o acesso e a permanência de todos no sistema de ensino. Por isso, não há avaliação se ela não trouxer um diagnóstico que contribua para melhorar a aprendizagem. Conforme Luckesi:
O ato de avaliar por sua constituição mesma, não se destina a um julgamento “definitivo”, sobre alguma coisa, pessoa ou situação, pois que não é um ato seletivo. A avaliação se destina ao diagnóstico e, por isso mesmo, à inclusão. Infelizmente por nossas experiências histórico-sociais e pessoais, temos dificuldade em praticá-la. Mas, é uma ser trabalhada que, com o tempo, se transformará em realidade, por meio de nossa ação. (2002, p.180).
Em virtude dos procedimentos adotados para avaliação serem mal utilizados, esta ocasiona: ansiedade, stress, competição, injustiça, desrespeito ao saber dos alunos. De fato, a avaliação apresenta muitos aspectos críticos, as provas e exames, que constituem os procedimentos mais adotados, vêm sendo objetos de sérias acusações. Em um contexto escolar assim, como afirma Vasconcelos:
A avaliação escolar, nesta perspectiva excludente, silencia as pessoas, suas culturas e seus processos de construção de conhecimento; desvalorizando saberes, fortalece a hierarquia que está posta, contribui para que diversos saberes sejam apagados, percam sua existência e se confirmem como ausência de conhecimento [...]. (2001, p.14).
Da mesma maneira que ocasiona situações de desconforto nos alunos, a avaliação da ênfase à forma e não ao conteúdo, à retenção do conhecimento, exalta o desempenho individual em detrimento do trabalho em grupo, ao ensino em função de provas, etc. O que acontece nas escolas atualmente é o que Luckesi chama de:
Pedagogia do exame, ou seja, pais, professores, sistema de ensino, profissionais da educação, tem suas atenções voltadas para promoção; (...) a ênfase que poderia se dá à pedagogia do ensino e aprendizagem recai sobre a pedagogia do exame trazendo conseqüências pedagógicas e psicológicas (2002, p.97).
Mas, a Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, nº 9394/93 enfatiza em seu artigo 24, inciso V, que a avaliação deve ser contínua durante o processo à medida que os alunos são submetidos a contínuas avaliações, cria-se um sistema de feedback, que lhes possibilita identificar o que lhes falta aprender para alcançar os objetivos propostos, dessa forma a avaliação passa a ter um caráter formativo. A mesma salienta:
A verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: avaliação contínua e cumulativa com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais (2000, p.27).
Portanto, é ainda visível que os exames tenham e vêm sendo utilizados de forma abusiva viciando a escola, reprovando até injustamente alunos, por outro lado, a avaliação cria um sistema de feedback, que possibilita identificar o que falta aprender para alcançar os objetivos propostos, isto é, leva a uma intervenção visando a melhoria de aprendizagem e apesar dos instrumentos de avaliação terem sido mal utilizados, não significa que não tenham valor, já que este encontra-se relacionado ao processo de aprendizagem.
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei nº 9.394/96. 3. Ed. Rio de Janeiro: DP & A, 2000.
CUNHA, Aldenéia Soares da. et al. Avaliação Educacional. Manaus: Universidade do Estado do Amazonas / PROFORMAR, 2004.
DEPRESBÍTERIS, L. Avaliação da aprendizagem do ponto de vista técnico – científico e literário – política. In: A construção do projeto de ensino e a avaliação. FDE, 1990. Série Idéias.
GARCIA, Regina Leite. Um currículo a favor dos alunos das classes populares. In: Avaliação de currículos e programas. Brasília: Cátedra da Unesco de Educação à Distância da UnB, 1997.
HAIDT, Regina Célia Cazaux. Curso de Didática Geral. São Paulo: Ática, 2001.
LIMA, Lauro. O como utilizar os instrumentos de verificação do rendimento escolar. In: A escola secundária Moderna. Rio de Janeiro: Florense, 1971.
LUCKESI, Cipriano Carlos. A avaliação educacional escolar. Para além do autoritarismo. Revista de educação, AEC, n. 60, 1985.
____________. Avaliação da aprendizagem escolar. 12. Ed. São Paulo: Cortez, 2002.
PERRENOUD, Philippe. Avaliação: Da Excelência à Regulação das aprendizagens entre duas Lógicas. Porto Alegre: Médicas Sul, 1999.
VASCONCELOS, Celso dos Santos. Avaliação da aprendizagem: Práticas de mudanças. São Paulo: Libertad, 1998.

domingo, 8 de janeiro de 2012

TOCANDO EM FRENTE...

 
Há certos momentos na vida que precisamos criar coragem e tocar em frente. Na vida do professor não é diferente, é preciso muito amor pelo trabalho que fazemos dia a dia. Certos de que estamos semeando o futuro de nosso país.

Mídia e Educação

Uma boa pedida para quem se interessa e quer saber mais sobre as mídias e a sala de aula acesse aqui: http://culturamidiaeducacao.blogspot.com/2011/10/ja-estao-disponiveis-os-artigos-do.html
Para os aprofessores que atuam na área de Linguagensa é interessante que visitem esse endereço: http://linguamodadoisec.blogspot.com/